quarta-feira, 28 de abril de 2010

Embaralhando de novo

Em alguns momentos, resistimos bravamente em aceitar que determinada etapa da vida se encerrou. Insistimos em postergar a mudança e, de forma remansosa e – por que não dizer – teimosa, repelimos o amanhã e tudo o que o horizonte da vida nos reserva. Valho-me da terminologia utilizada pelos usuários do videogame: não queremos, de forma alguma, mudar de fase...

Por mais paradoxal que seja, parar no tempo (e na fase, lógico), a despeito da exaustão trazida pela mesmice, implica também estar na zona de conforto, vez que, por medo do desconhecido, do novo, do incomum, opta-se por esmorecer e, consequentemente, por, aos poucos, entregar os pontos de uma vida que, sem dúvida, apresenta outras facetas. Afinal, é preciso vivenciar as outras fases, não?

Mas, como mudar, se não se renuncia à fase anterior? Ora, se não nos esforçamos para isso, ficaremos reféns do medo, da insegurança e do desânimo e, portanto, estagnados no tempo e no espaço.

Seguir adiante na estrada da vida implica basicamente dar conta de prosseguir na caminhada rumo à fase seguinte, trazendo na bagagem a experiência haurida ao longo dos anos. É certo que, na tralha juntada, há que se inserir o rol de erros e acertos a ser sabidamente consultado caso surja, no percurso, situações similares àquelas outrora vivenciadas. É assim que se aprende...

Para prosseguir, o melhor a fazer é esquecer o passado. É não olhar pra trás. É ter consciência de que tudo está em movimento e de que nada voltará a ser como era antes, até porque não dá para passar pelas mesmas águas. É deixar as indagações pra trás, é finalizar o sofrimento, é reformular os conceitos, é mudar os espaços, é continuar a jornada é, sem dúvida, embaralhar tudo de novo. Com muita coragem é fé - diga-se de passagem.