sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Detalhes tão pequenos... fazem a diferença

Escutei a narrativa de um jovem brasileiro, desencantado com a interpelação feita por um transeunte francês que, ao ser indagado acerca da exata direção a tomar para chegar a determinado destino, retrucou, de chofre: “ -Premiére, on dit bonjour”.

É claro que os conterrâneos de Napoleão Bonaparte não podem ser considerados um primor em termos de educação. Pelo contrário, o mundo é uníssono ao propalar a grosseria do povo francês, mais especificamente dos parisienses, os quais lastreiam tal comportamento na justificativa de que os milhares de turistas que lá aportam levam-os a agir com certa impaciência.

Tal episódio, no entanto, me fez refletir sobre o quanto estamos nos distanciando de hábitos que deveriam fazer parte do nosso dia a dia. Passar ao largo das boas regras de convívio social é trivial nos dias de hoje. Em nome do pragmatismo, opta-se pela objetividade e, sem que se perceba, abre-se mão da gentileza.

Lembro-me de que, há tempos atrás, era corriqueiro ensinar algumas palavras mágicas às nossas crianças: bom dia, obrigado, por favor, com licença, desculpe...

Parece-me, todavia, que a roda viva em que estamos mergulhados fez com que tais delicadezas caíssem no esquecimento. Escudados no stress – que a tudo justifica – cada dia entronizamos comportamentos que, automatizados, fazem parte de uma rotina que, em outras épocas – nem tão distantes assim – seriam execrados.

Ser rude virou lugar comum...

Cumprimentar o porteiro, o companheiro de elevador, dar passagem no trânsito, ficar atento ao pedestre, tratar com deferência as pessoas mais velhas, ser pontual, saber ouvir, entre muitas outras coisas, são atitudes cada vez mais raras.

Afinal, estamos todos cansados e, porque não dizer, ansiosos, deprimidos, melancólicos, padecendo de carências afetivas ou de uma síndrome qualquer entre tantas que existem por aí.

E assim seguimos adiante - desbussolados - sem sabermos ao certo pra onde ir e sem nos darmos conta de que a força contida em nossas mais delicadas e íntegras ações é que fazem a diferença.