domingo, 24 de outubro de 2010

"Comer, rezar e amar"

Já na estreia assisti a “comer, rezar e amar”. Como muitas de nós, estava ansiosa pra ver o filme cujo livro - me recordo bem - li em 2008 quando fui conhecer a ilha de Fidel. 

A parte em que Liz narra as emoções vividas no piso do banheiro, momento em que, de fato, decide romper com o casamento sem, lógico, saber ainda o que viria depois, provocou em mim um turbilhão de emoções. Era como se eu estivesse naquela situação. Afinal, todos nós, em algum dia, pensamos em deixar tudo pra trás pra seguir rumo a um lugar onde pudéssemos literalmente “dar um tempo” de tudo e de todos, até de nós mesmos talvez, a fim de dar cabo à apatia que, sem que tenhamos percebido, ao longo do tempo, se instaura em nossas vidas. 

É nesse ponto que a saga narrada no livro se mostra interessante. Quem assistiu ao filme talvez não consiga apreender a intensidade desse momento de ruptura que, infelizmente, ficou bem diluído na tela, mas que, no livro é bem pontuado. Sem dúvida, o momento crucial da narrativa, vez que, além de delimitar o término da relação afetiva, mostra o desejo da autora, no filme interpretada por Julia Roberts, de partir para uma outra realidade.

Um ano de viagem à Itália, Índia e Indonésia! É preciso coragem pra deixar a vida aparentemente estável (marido, emprego, casa, amigos) para buscar um propósito de vida diverso, contrário à expectativa da maioria das pessoas que nos cercam. Qualquer mudança, por menor que seja, gera sempre insegurança, algo que, inegavelmente, nos paralisa. Lidar com as palavras de desencorajamento que, certamente, surgirão nos amedronta ainda mais. 

Superar medos e limitações: essa é a tônica do filme. Sair de cena para olhar pra si próprio e seguir rumo ao inesperado é algo desafiador. Experimentar o inusitado, lidar com surpresas agradáveis e outras nem tanto, deixar pessoas queridas, conhecer outras que não substituirão ninguém, mas que também nos darão alegrias, chorar de saudade de casa, da família, dos amigos... Não é fácil. Haja coragem!


Não é preciso, contudo, jogar tudo pro alto para impedir que a vida prossiga no “piloto automático”. Ano sabático é sonho de consumo de muitos, mas permitido a poucos. Que tenhamos, pois, semanas, dias, horas, enfim.  O que não dá é pra subtrair o prazer, a reflexão e a emoção do nosso dia a dia. Seria como reduzir a vida a quase nada e correr o risco de não assumir o leme da própria jornada. E isso, cá pra nós, ninguém merece!